Blog de Alfabetização
Mara Mansani
5 princípios para a hora de pensar numa sondagem na alfabetização
Sondagem é a atividade de diagnóstico das hipóteses de escrita
de cada aluno de uma turma de alfabetização e é usada para avaliar a
evolução do processo de aprendizagem. Consiste em uma produção
espontânea de uma lista de palavras, sem apoio de qualquer fonte e nem
intervenção do professor, e pode ser seguida ou não pela produção
escrita de alguma frase.
Acha difícil fazer isso? Nunca fez e nem
sabe como? Faz sempre, mas tem dúvidas? Organizei um passo a passo de
como faço essa atividade e elenquei dicas que, a meu ver, fazem a
diferença! Vamos lá.
1) Para começar, me preocupo em criar um
ambiente agradável para desenvolver a sondagem, orientando a proposta
com calma e naturalidade. Crio também um contexto para o ditado. Se as
palavras escolhidas são ingredientes para um lanche, por exemplo, digo:
“A professora Lúcia vai fazer um piquenique com os alunos. Vamos
escrever a lista dos ingredientes que eles precisam comprar para
preparar os lanches”.
2) Não deixo de colocar palavras que julgo
difíceis para as crianças escreverem porque os desafios colaboram com a
reflexão sobre o sistema de escrita. Se a turma é de alfabetização
inicial, não escolho palavras que tenham vogais repetidas nas sílabas,
como em batata. Isso porque, por exemplo, se o aluno estiver na fase
silábica com valor sonoro, pode ser que se utilize somente de vogais
para escrever e não vai aceitar uma palavra que pode ser escrita assim:
AAA.
3) Na sondagem, o ideal é que os alunos escrevam da melhor
maneira possível e sem interferências, para que saibamos realmente em
que fase estão e o que pensam sobre as escritas. Em outros momentos,
claro que não deixo de fazer as intervenções necessárias para a escrita
correta das palavras.
4) Nas turmas de alfabetização inicial,
faço o ditado para um aluno por vez, ou, no máximo, para três alunos. Ao
acompanhá-los de perto, posso fazer perguntas e entender o motivo de
suas escolhas na escrita. Não perco informações importantes sobre como
pensam a construção da escrita e ainda faço anotações que vão ser úteis
no processo de avaliação durante o ano. Se na turma houver alunos na
fase silábica alfabética ou alfabética, dito para um número maior de
alunos, pois esses escrevem com um pouco mais de autonomia.
5)
Quando são muitos alunos na turma, peço o auxílio de outro professor ou
do coordenador pedagógico de minha escola para realizar a sondagem.
Afinal, faço parte de uma equipe escolar.
Estes são os princípios
que sigo para pensar na sondagem. Se você quiser ver um diagnóstico
que planejei, preparei um documento com três etapas para inspirá-lo. Ele
está abaixo e também disponível para download neste link.
1° passoEscolho
cinco palavras de um mesmo campo semântico (mesma área de conhecimento
ou assunto), e faço um ditado seguindo essa ordem: primeiro uma
polissílaba, depois uma trissílaba, uma dissílaba e uma monossílaba. Por
exemplo: se o tema são materiais escolares, sugiro que escrevam
apontador, cadernos, régua, giz. Depois das palavras, dito uma frase
utilizando uma dessas palavras, como: “Eu vou cuidar de meus cadernos
com capricho”.
Distribuo
metade de uma folha de sulfite aos alunos, cortada no sentido
horizontal, sem desenhos, pauta nem texto. Peço que escrevam as palavras
que vou ditar, uma abaixo da outra, como em uma lista.Não marco a divisão de sílabas das palavras ao ditar, como A-PON-TA-DOR. Isso pode mascarar resultados e, consequentemente, minha análise, pois pode indicar que o aluno se encontra em uma hipótese que ainda não está – como a hipótese silábica, por exemplo. Também não corrijo palavras.
No processo de alfabetização, os alunos pensam quais e quantas letras são necessárias para escrever as palavras, então é preciso que suas escritas sejam com letras de forma maiúsculas, pois os caracteres são isolados e o traçado é mais fácil e simples do que a letra cursiva.
Ao final, peço que escrevam também o nome completo e que coloquem a data. Se não estiver legível, anoto o nome e a data no verso.
2° passoEnquanto dito as palavras para os alunos, observo de que maneira eles optaram por escrever cada uma. Se possível, anoto logo em seguida, alguma descoberta feita ou dúvida surgida dos alunos ou minha. Essas anotações enriquecem esse processo de diagnóstico, de avaliação da aprendizagem e me guiam para os próximos caminhos a percorrer.
3° passoAnaliso os resultados encontrados com a minha coordenadora pedagógica. Se preciso ou tenho dúvidas, utilizo a tabela de mapeamento das hipóteses dos alunos sobre o sistema de escrita, já publicada aqui por NOVA ESCOLA. Nela encontro também as características de cada hipótese. Em seguida, organizo as sondagens feitas em forma de portfólio. Esse suporte dá uma visão única e global de cada aluno. Além de guiar meu trabalho com os alunos, esta análise vai ser referência para a organização dos agrupamentos produtivos dos alunos e irá facilitar meu trabalho em sala de aula.
Me conte nos comentários como você tem planejado seus diagnósticos.
Obrigada e até mais!
Mara Mansani
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