terça-feira, 29 de agosto de 2017

5 princípios para a hora de pensar numa sondagem na alfabetização

Blog de Alfabetização
foto Mara Mansani
Mara Mansani

5 princípios para a hora de pensar numa sondagem na alfabetização

Sondagem é a atividade de diagnóstico das hipóteses de escrita de cada aluno de uma turma de alfabetização e é usada para avaliar a evolução do processo de aprendizagem. Consiste em uma produção espontânea de uma lista de palavras, sem apoio de qualquer fonte e nem intervenção do professor, e pode ser seguida ou não pela produção escrita de alguma frase.

Acha difícil fazer isso? Nunca fez e nem sabe como? Faz sempre, mas tem dúvidas? Organizei um passo a passo de como faço essa atividade e elenquei dicas que, a meu ver, fazem a diferença! Vamos lá.

1) Para começar, me preocupo em criar um ambiente agradável para desenvolver a sondagem, orientando a proposta com calma e naturalidade. Crio também um contexto para o ditado. Se as palavras escolhidas são ingredientes para um lanche, por exemplo, digo: “A professora Lúcia vai fazer um piquenique com os alunos. Vamos escrever a lista dos ingredientes que eles precisam comprar para preparar os lanches”.

2) Não deixo de colocar palavras que julgo difíceis para as crianças escreverem porque os desafios colaboram com a reflexão sobre o sistema de escrita. Se a turma é de alfabetização inicial, não escolho palavras que tenham vogais repetidas nas sílabas, como em batata. Isso porque, por exemplo, se o aluno estiver na fase silábica com valor sonoro, pode ser que se utilize somente de vogais para escrever e não vai aceitar uma palavra que pode ser escrita assim: AAA.

3) Na sondagem, o ideal é que os alunos escrevam da melhor maneira possível e sem interferências, para que saibamos realmente em que fase estão e  o que pensam sobre as escritas. Em outros momentos, claro que não deixo de fazer as intervenções necessárias para a escrita correta das palavras.

4) Nas turmas de alfabetização inicial, faço o ditado para um aluno por vez, ou, no máximo, para três alunos. Ao acompanhá-los de perto, posso fazer perguntas e entender o motivo de suas escolhas na escrita. Não perco informações importantes sobre como pensam a construção da escrita e ainda faço anotações que vão ser úteis no processo de avaliação durante o ano. Se na turma houver alunos na fase silábica alfabética ou alfabética, dito para um número maior de alunos, pois esses escrevem com um pouco mais de autonomia.

5) Quando são muitos alunos na turma, peço o auxílio de outro professor ou do coordenador pedagógico de minha escola para realizar a sondagem. Afinal, faço parte de uma equipe escolar.

Estes são os princípios que sigo para pensar na sondagem. Se você quiser ver um  diagnóstico que planejei, preparei um documento com três etapas para inspirá-lo. Ele está abaixo e também disponível para download neste link.

1° passoEscolho cinco palavras de um mesmo campo semântico (mesma área de conhecimento ou assunto), e faço um ditado seguindo essa ordem: primeiro uma polissílaba, depois uma trissílaba, uma dissílaba e uma monossílaba. Por exemplo: se o tema são materiais escolares, sugiro que escrevam apontador, cadernos, régua, giz. Depois das palavras, dito uma frase utilizando uma dessas palavras, como: “Eu vou cuidar de meus cadernos com capricho”.



Distribuo metade de uma folha de sulfite aos alunos, cortada no sentido horizontal, sem desenhos, pauta nem texto. Peço que escrevam as palavras que vou ditar, uma abaixo da outra, como em uma lista.

Não marco a divisão de sílabas das palavras ao ditar, como A-PON-TA-DOR. Isso pode mascarar resultados e, consequentemente, minha análise, pois pode indicar que o aluno se encontra em uma hipótese que ainda não está – como a hipótese silábica, por exemplo. Também não corrijo palavras.

No processo de alfabetização, os alunos  pensam quais e quantas letras são necessárias para escrever as palavras, então é preciso que suas escritas sejam com letras de forma maiúsculas, pois os caracteres são isolados e o traçado é mais fácil e simples do que a letra cursiva.

Ao final, peço que escrevam também o nome completo e que coloquem a data. Se não estiver legível, anoto o nome e a data no verso.

2° passoEnquanto dito as palavras para os alunos, observo de que maneira eles optaram por escrever cada uma. Se possível, anoto logo em seguida, alguma descoberta feita ou dúvida surgida dos alunos ou minha. Essas anotações enriquecem esse processo de diagnóstico, de avaliação da aprendizagem e me guiam para os próximos caminhos a percorrer.

3° passoAnaliso os resultados encontrados com a minha coordenadora pedagógica. Se preciso ou tenho dúvidas, utilizo a tabela de mapeamento das hipóteses dos alunos sobre o sistema de escrita, já publicada aqui por NOVA ESCOLA. Nela encontro também as características de cada hipótese. Em seguida, organizo as sondagens feitas em forma de portfólio. Esse suporte dá uma visão única e global de cada aluno. Além de guiar meu trabalho com os alunos, esta análise vai ser referência para a organização dos agrupamentos produtivos dos alunos e irá facilitar meu trabalho em sala de aula.

Me conte nos comentários como você tem planejado seus diagnósticos.

Obrigada e até mais!
Mara Mansani

 


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