segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Meu nome é feio!



"Trimmmm!" Assim tocou a campanhia. Acabou o intervalo para o recreio e as professoras reuniam seus alunos para voltar às salas de aula.
Era o primeiro dia do ano letivo.
Aleluia fazia a primeira série do Ensino Fundamental. Até então, não havia escutado nenhuma crítica por parte de seus novos colegas que , afinal de contas, não a conheciam.
Era costume a professora fazer a chamada logo após o recreio.
Quando recomeçou a aula, teve início a chamada que, como todas as demais, era em ordem alfabética.
Como era um dos primeiros da lista, o nome de Aleluia não demorou a ser chamado.
Mas tão logo seus colegas ouviram o seu nome, olharam uns para os outros e dispararam a rir por terem achado o nome da colega, ao mesmo tempo, estranho e feio.
Aleluia, constrangida e envergonhada, também disparou; só que num choro calado que quase não se fazia ouvir. O choro calado reprimia a dor que sentiu ao ter sido colocada como alvo da zombaria da classe, logo no primeiro dia de aula.
Ela não conseguiu conter as lágrimas.
É certo que, anteriormente, alguns já haviam achado o seu nome engraçado. Tanto seus primos quanto aqueles a quem seus pais a apresentavam. Mas nunca a afronte ao seu nome incomum chegou a ponto de expôla ao ridiculo diante de uma sala de aula inteira, como naquele dia.
Sua professora, "tia" Rebeca, vendo-se numa situação delicada, pediu o silêncio da classe e , por um breve instante, interrompeu a chamada para ir ao encontro de Aleluia para confortá-la.


A professora se aproximou da nova aluna e tentou consolá-la, dizendo-lhe que não importava o nome que tinha, mas a pessoa que ela era de fato. E enfim, que não "ligasse" para os risos dos colegas.
O diálogo, quando é realizado, pode causar até uma mudança de comportamento.
Então, Aleluia enxugou as lágrimas e, olhando para sua professora com ternura, agradeceu o consolo dando-lhe um abraço, enquanto o restante da turma conscientizava-se de que havia magoado e de que a professora estava tentando somente contornar aquela situação constrangedora.
Rebeca é uma professora-modelo, uma profissional intensa e acima de tudo cristã, como revela sua maneira de agir e tratar seus alunos e as pessoas que a cercam. Por isso, além de educadora, ela sabe ser amiga. Sempre de bom humor e sorriso constante.
Aleluia é uma criança ativa, inteligente e simpática, mas qualquer crítica lhe abate.
"Tia" Rebeca disse à pequena aluna que não se sentisse triste por seu nome ser tão incomum. Afinal, Aleluia era um nome extraído do livro mais lido em todo mundo: a Bíblia.
A algazarra feita pela turma foi cessando, e Aleluia finalmente se acalmou.
Mas ela não conseguia parar de pensar na causa de toda aquela inquietação: seu nome. E procurava soluções em sua mente infantil, que dessem um fim àquele problema. Um drama que faria parte de toda sua vida.
Contudo, por mais que pensasse, não conseguia achar uma solução.
Então, caderno e lápis na mão, era hora de recomeçar a aula.


Ao sair do colégio e ver sua mãe, que estava à sua espera, a pequena Aleluia correu para os seus braços e lhe disse muito triste, o que havia acontecido. Ao chegar em casa, D. Ana, diante de uma questão tão delicada, resolveu revelar a causa de ter dado à filha um nome sem igual.
-Bem, minha filha, nem eu, nem seu pai nunca lhe falamos sobre isto, mas acho que agora é o momento. Vou contar para você porque lhe demos este nome tão diferente.- disse D. Ana a Aleluia.
-Mamãe, eu quero muito saber.
-Quando eu estava grávida de você, fiz todos os exames que o médico me pediu, e num exame chamado ultra-sonografia eu descobri que o bebê que eu estava esperando era uma menina.
Quando chegou o dia do seu nascimento, eu fui para a maternidade, mas comecei a sentir dores além do normal e já estava começando a passar da hora de você nascer. Então o médico chamou seu pai e disse para ele que o meu estado era muito grave e que nós poderíamos até perder você. Seu pai não aceitou aquela palavra do médico e pediu a Deus um milagre. O médico não tinha me dito nada, mas eu percebi que alguma coisa estava errada. Comecei a orar e fiz um voto com Deus, dizendo: "Senhor, está e nossa primeira criança. Não deixe que nada de mal ocorra com ela. Tenha misericórdia de nossa filhinha. Estenda a tua mão para que ela venha aos meus braços perfeita e com saúde. Se isto acontecer, vamos dar a ela um nome santo e educá-la na Sua Palavra, ensinando-a a Sua vontade, meu Deus..."


Enquanto D. Ana contava a Aleluia, Sr. José chegou das compras.
-Papai, mamãe está me contando sobre o dia em que nasci e por que vocês me deram este nome.
-Por que estamos falando sobre isto agora? - perguntou o pai de Aleluia.
Imediatamente, D. Ana disse a ele tudo o que havia acontecido com a menina no colégio. E como Aleluia estava triste pelo nome que tinha.
Desse modo, Sr. José preparou-se para tratar do assunto com sua filha. Ele pensou: "como vou consolá-la? Talvez se eu usar a Bíblia fique mais fácil." E foi ao quarto pegar o livro sagrado.
Aleluia, vendo que seu pai ia para o quarto, guardou silêncio e permaneceu como estava. Sr. José sentou-se ao lado da menina, abriu a Bíblia e começou a conversar com ela sobre a importância do nome de cada um.
-Minha filha, Aleluia não é um nome feio. Ao contrário é uma honra chamá-la por um nome bíblico.
E prosseguiu ele:-"Aleluia" é uma palavra derivada do termo original em hebraico hallellü-yah e significa "louvai a Deus". É uma expressão de amor e adoração a Deus, usada por muitos judeus e cristãos de nosso tempo.
Seu nome, minha filha, é o resultado da nossa gratidão a Deus por sua vida e saúde. Além do mais, como você é uma boa menina, Deus um dia a chamará por um novo e lindo nome, que demonstre as suas qualidades.
Para provar o que disse, Sr. José leu para ela o trecho da Bíblia que diz o seguinte:
"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor, dar-lhe-ei o maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe". Apocalipse 2.17
E concluiu, dizendo:-Um dia quando nos encontrarmos com Deus, todos receberemos d'Ele um novo nome. Minha filha não é o nome que faz a pessoa, e sim a pessoa que faz o nome.è mesmo! Ela é quem pode construir ou não uma boa imagem de si mesma
-Está bem papai, eu já entendi tudo, mas então, qual será meu novo nome?
-Por enquanto, só Deus sabe. Mas quando chegar o dia você também saberá.-respondeu Sr. José.
Os olhos de Aleluia brilharam com a doce esperança de ter , um dia, uma nova identidade.
Apesar de saber sobre a emocionante história que envolvia seu nome, Aleluia não se deixou convencer, nem reconsiderou a situação a fim de acomodar-se com seu nome.
Infelizmente, as palavras de sua mãe e de seu pai não lhe deram a força de que precisava para enfrentar a zombaria dos coleguinhas de turma.


Sentindo-se um pouco melhor, Aleluia foi brincar na varanda de sua casa. E vendo alguns de seus amigos, resolveu brincar com eles.
Quando a noite começou a chegar, todas as crianças que brincavam foram para casa, menos Tiago e Aleluia, que juntavam seus brinquedos espalhados.
-Por que você estava um pouco triste hoje?
-É por causa do meu nome.-respondeu a menina.
-O que é que tem ele?
-No colégio, todo mundo riu do meu nome. Eu conversei com papai e mamãe e perguntei por que eles não me deram um nome mais bonito. Aí, eles me disseram que era para agradecer a Deus que tinham me dado um nome da Bíblia. meu pai disse que um dia Deus vai dar um nome mais bonito para a gente lá no céu. Mas eu não queria esperar até lá, queria que Ele me desse agora. Como é que eu faço?
-Foi mesmo? Seu pai disse que a gente vai ter outro nome? Qual será o meu? Perguntou Tiago.
-Eu nem sei o meu... Mas o que é que eu faço, Tiago?
Tiago também conhecia a Bíblia e respondeu à amiguinha:-Peça a Deus o que você precisa, porque Ele ouve a gente.
-Como assim? -indagou Aleluia.
-No final do ano, eu pedi muito ao meu pai que me desse uma bicicleta, porque todos os meus colegas tinham uma, menos eu. Meus pais não podiam comprar para mim, porque eles não tinham dinheiro. Então, eu orei a Deus, pois a minha mãe disse que Ele ouve quando a gente pede aquilo que é bom.
E Tiago continuou contando a sua história: -Então, quando chegou o final do ano, meus pais me deram uma caixa bem grande e eu desconfiei que era uma bicicleta. Quando desembalei, nem acreditei! Uma bicicleta novinha, só minha! Perguntei à mamãe como ela tinha conseguido o dinheiro para comprar. Ela me disse que meu pai tinha ganhado dois sal´rios naquele mês, é o que os adultos chamam de décimo terceiro salário, que pago no fim do ano. Aí sobrou dinheiro, e eles compraram minha bicicleta.
-Que legal!! Vibrou Aleluia, que , alegre com a história do amiguinho, agradeceu a ele pela ajuda, confirmando que também iria pedir a Deus o que estava precisando. E voltaram para casa.


Aquele tinha sido um dia inesquecível na vida de Aleluia. Na hora de dormir, ela resolveu fazer o que Tiago havia falado e orou a Deus:
-Senhor Deus, eu quero muito que o Senhor troque o meu nome por outro mais bonito.
No dia seguinte, D.Ana, não querendo lembrar à filha do ocorrido no dia anterior, acordou a menina, chamando-a pelo nome de Lulu.
-Obrigado meu Deus. Eu agora tenho um novo nome! Lulu é muito mais bonito que Aleluia! -Pensou a menina.
Daquela manhã em diante, Aleluia fez questão de assim se identificar. Ela foi para a escola muito satisfeita.
-"Tia" Rebeca, na hora da chamada, pode me chamar de Lulu. Assim, ninguém mais vai rir do meu nome.
-Se isto deixa você mais feliz, de hoje em diante só vou te chamar de Lulu.-disse Rebeca.


A pequena menina adotou esta nova identidade. E não mais se envergonhava de seu nome. Conforme os dias passavam e sua família lhe ensinava mais e mais sobre a Bíblia, melhor entendia como deveria orgulhar-se de seu nome. Afinal, ele está contido nas Sagradas Escrituras, onde sempre o encontrava quando o lia na Igreja. O que a fazia sentir-se muito importante, como de fato era, para Deus e sua família.
Enfim, descansou nossa Lulu na sublime esperança que Jesus lhe deu através da Bíblia: de uma dia ter ela um lindo nome, escolhido por aquele que tudo faz com excelência: Deus.
Mas é necessário que os pais tenham bom gosto e , sobretudo, amor aos filhos, a fim de nomeá-los convenientemente, para poupá-los de situações constrangedoras com as quais não saibam conviver.

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