O LUGAR E A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
"Um brinquedo só é brinquedo pela ação de brincar, isto é, porque alguém brinca com ele".
Tânia Ramos Fortuna
Em
Artigo na Revista Pátio- Educação Infantil, Fortuna questiona sobre
qual o melhor lugar que a brincadeira pode ocupar na educação infantil?
Ela responde dizendo que: "nem tão solta que dispense o educador, nem
tão dirigida que deixe de ser brincadeira".
Trabalho
na Educação Infantil, com crianças de faixa etária cinco anos, sou
extremamente realizada nesse campo de atuação e ao longo dos anos que
venho atuando com esse nível de ensino, o brincar tem sido um dos meus
objetos de estudo.
Particularmente,
considero a brincadeira fator fundamental para a construção e
potencialização dos aprendizados infantis, por isso sempre busco
integrar a brincadeira em quase todas as atividades de sala de aula,
seja mediante a contação de história, música, dança ou na forma de
mediar conhecimentos.
Contudo, quando se busca na literatura educacional as
razões que justificam a presença da brincadeira na Educação Infantil se
constata que o lúdico torna-se objeto de interesse e estudo de
educadores e pesquisadores em decorrência de sua importância para a
criança, bem como por ser uma prática que auxilia no desenvolvimento
infantil e na construção ou potencialização do seu conhecimento de
mundo.
Os
estudos recentes têm mostrado que as atividades lúdicas são ferramentas
indispensáveis no desenvolvimento infantil, porque para a criança não
há atividade mais completa do que o BRINCAR. Pela brincadeira, ela é
introduzida no meio sociocultural do adulto, constituindo num modo de
assimilação e recriação da realidade. (SANTOS, 1999, P.37).
No
campo da psicologia, vários são os estudos sobre a importância do
brincar no desenvolvimento infantil. Piaget, ao fazer o detalhamento
sobre a constituição da inteligência infantil, enfatiza que essa evolui,
modifica, incorpora e se transforma gradativamente mediante a relação
que a criança estabelece com o meio em que vive. Vigotsky acrescenta que
as maiores aquisições de conhecimento de uma criança são conseguidas
através do brinquedo.
Outros referenciais também destacam a importância e significação da ação lúdica. Veja:
Referem
Benetti e Biffi (1997), que o brincar é uma atividade natural,
espontânea e necessária à criança, constituindo-se numa peça
importantíssima na sua formação. Seu papel ultrapassa um mero controle
de habilidades e sua importância reside no fato de que através dessa
atividade a criança constrói o seu próprio mundo.
Na
compreensão de Miranda (2002), o lúdico constitui-se numa expressão da
linguagem, visto que no ato de brincar a criança expande seu repertório
lingüístico.
No
entendimento de Ferreira (2000), a importância da função lúdica pode
ser descrita sob alguns enfoques, tais como: psicológico, psicanalítico,
antropológico, pedagógico e sociológico.
Conforme o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil:
Pela
oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas
mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos para a resolução de
problemas que lhes são importantes e significativos. Proporcionando a
brincadeira, portanto, cria-se um espaço no qual às crianças podem
experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as
pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. (BRASIL, 1998, P.28).
Na
concepção de Moyles (2002), o brincar também possibilita que o cérebro
se mantenha ativo. Ao brincar as pessoas se sentem desafiadas a dominar o
que já é conhecido e a investigar o que a situação lhe propõe de novo.
Reside aí à razão pela qual brincar torna-se uma atividade prazerosa em
qualquer idade da vida.
Diante
desses referenciais, torna-se evidente que para a criança
desenvolver-se biológica, social e intelectualmente, precisa da
interação com o ambiente, pessoas e objetos e, necessita vivenciar
situações que lhe oportunize a possibilidade de ser e está no mundo.
Nesse sentido, a ludicidade pode ser apontada como fator indispensável a
essas conquistas, ao passo que a brincadeira permite a percepção e
ampliação da realidade.
Referências:
BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular para Educação Infantil: Introdução. Brasília; 1998.
BENETTI, E. A; BIFFI, N. O brincar como recurso pedagógico. Iniciação; Santa Catarina, n.2, v.6; 1997.
FERREIRA, C. A. M. Psicomotricidade: da educação infantil à gerontologia. São Paulo; Lovise; 2000.
FORTUNA,Tânia Ramos. O Lugar do Brincar na Educação Infantil.Revista Pátio Educação Infantil-Ano IX, nº 27, abr/jun 2011.
MIRANDA, A. B. A importância da atividade lúdica para o desenvolvimento da linguagem. Fono Atual; Pancars, ano 5, n.22; 2002.
MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre; Artmed; 2002.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e Infância: um guia para pais e educadores em creche. Petrópolis; Vozes; 1999.
http://mariajprn.blogspot.com.br/2011/05/o-lugar-e-importancia-da-brincadeira-na.html
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