segunda-feira, 29 de agosto de 2011

HISTÓRICO DOS JOGOS

O jogo advém do século XVI, e os primeiros estudos foram realizados em Roma
e Grécia, destinados ao aprendizado das letras. Esse interesse decresceu com o advento
do cristianismo, que visava uma educação disciplinadora, com memorização e
obediência. A partir daí, os jogos são vistos como delituosos, que levam à prostituição e
à embriaguez.
É no Renascimento que o jogo perde esse caráter de reprovação e entra no
cotidiano dos jovens como diversão.
mais gerais que encontramos nos dicionários de Língua Portuguesa são: “divertimento,
distração, passatempo”. Assim, a palavra jogo tanto é usada, por exemplo, para definir a
atividade individual da criança na construção com blocos, como atividades em grupo de
canto ou dança.
A introdução à brincadeira em seu contexto infantil, inicia-se, timidamente, com
a criação de jardins de infância, fruto da proposta de Froebel (1782-1852 - primeiro
filósofo a ver o uso de jogos para educar crianças pré-escolares) que considera que a
criança desperta suas faculdades próprias mediante estímulos. Esta proposta influenciou
a educação infantil de todos os países.
Com o aparecimento da Companhia de Jesus (uma organização religiosa
inspirada em moldes militares, decididos a lutar em prol do catolicismo e que utilizaram
o processo educacional como sua arma), o jogo educativo passou a ser um recurso
auxiliar de ensino, vindo a expandir a partir de então.
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Kishimoto (apud Spodek e Saracho, 1990) comenta que os Estados Unidos
serviu como modelo inicial para a grande maioria dos países. Missionários cristãos
protestantes disseminavam o jardim froebeliano em muitos países asiáticos e latinoamericanos.
Nos Estados Unidos, na virada do século, a literatura mais recente sugeria que os
programas froebelianos buscavam enfatizar o brincar supervisionado, encorajando a
uniformidade e o controle nos estabelecimentos destinados a imigrantes pobres, e o
brincar livre pôde prevalecer nas escolas particulares de elite (Bloch e Choe, 1990). A
presença do brincar supervisionado nas creches foi indicada por Bloch e Choe durante o
século XIX. Nessa época, a Guerra Civil era estimulada pelo movimento de
assentamento das famílias, pelo crescente aumento de pobres urbanos, fruto de
deslocamentos sociais causados pela industrialização, urbanização e intensa imigração.
Também a América estava sendo uma sociedade relativamente homogênea, buscando
ideais como liberdade individual, ordem social e unidade nacional. Com a penetração
dos imigrantes e o crescimento da pobreza urbana, buscavam-se meios para
americanizarem imigrantes a partir da educação.
Predominaram crenças a cerca da diferença de necessidades de crianças pobres e
de elite, de que as crianças aprendem melhor por meio do brincar, mas rejeita-se a
noção do brincar não supervisionado como educação. Essa interpretação fortalece a
perspectiva do jogo educativo, do brincar orientado, visando à aquisição de conteúdos
escolares.
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Teorias sobre o jogo
Muitas teorias surgiram para explicar o significado dos jogos, as razões para
essas permanências culturais, mostrando que aquilo que aparentemente é apenas uma
forma de preencher o tempo de lazer, tem raízes profundas no que diz respeito à vida e
ao saber.
Para ilustrar, resumiremos apenas duas teorias, dentre as várias existentes.
1. “A teoria psicanalítica de Freud” (1856-1939). O autor utilizou o jogo em
seus processos de cura de crianças. Em suas pesquisas, o pai da psicanálise observou
que o desejo da criança é que determina o comportamento dela frente aos brinquedos:
cria um mundo próprio, repete experiências que ainda não dominou, busca
identificações, exerce autoridade sobre os seus brinquedos, projeta em outras pessoas ou
em objetos sentimentos reprimidos, tenta superar insucessos anteriores, de maneira
lúdica vivencia situações constrangedoras, procurando resolver os problemas, encontrar
soluções, enfim, realiza ações que no mundo real não lhe são permitidas. Essa teoria
ocupou-se essencialmente do jogo imaginativo em função das emoções.
2. “A teoria de Jean Piaget” (1896-1980) estudando sobre o desenvolvimento
da inteligência, colocou os jogos como atividades indispensáveis na busca do
conhecimento pelo indivíduo. Ele dividiu o desenvolvimento intelectual da criança em
etapas caracterizadas pela “sucessiva complexidade e maior integração dos modelos de
pensamento”, ou seja: até os dois anos de idade – sensório-motor; de dois a quatro anos
– pré-operacional; de quatro a sete anos – intuitivo; de sete aos 14 anos – operacional
concreto; e, a partir dessa idade – operacional abstrato. Quando Piaget descobriu que
não é o estímulo que move o indivíduo ao aprendizado, revolucionou a pedagogia da
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época. Para ele, a inteligência só se desenvolve para preencher uma necessidade. A
educação, concebida a partir desse pressuposto, deve estimular a inteligência e preparar
os jovens para descobrir e inventar; o professor deve provocar na criança a necessidade
daquilo que ele quer transmitir. Nesse sentido, os jogos são buscados espontaneamente
pelas crianças como meio de chegar à descoberta, inventar estratégias, pensar o novo,
construir, agir sobre as coisas, reconstruir, produzir (apud Garcia, 1981, p.17-21).
Para Piaget apud Martinelli (1997) existe o brincar quando há o predomínio da
assimilação sobre o esforço e atenção da acomodação.
Piaget ao realizar o estudo sobre a evolução do jogo para o desenvolvimento,
percebeu uma tendência lúdica nos primeiros meses de vida do bebê, na forma do
chamado jogo de exercício sensório-motor, onde do segundo ao sexo ano de vida
predomina o jogo simbólico e a etapa seguinte é o jogo de regras praticado pela criança.
Essas três atividades lúdicas caracterizam-se na evolução do jogo na criança, de
acordo com a fase de seu desenvolvimento, conforme descrito a seguir.
Jogos de exercícios –
a finalidade prazerosa, com o objetivo de explorar e exercitar os movimentos do seu
próprio corpo.
Jogos simbólicos
simbolizar ou representar situações não percebidas no momento. Ocorre de dois a seis
anos, onde a tendência lúdica é voltada para o jogo de ficção ou imaginação e de
imitação. O jogo simbólico se desenvolve com a interiorização dos esquemas sensóriosmotores.
A função desse tipo de atividade, de acordo com Piaget:
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“Consiste em satisfazer o eu, por meio de uma transformação do real em função
dos desejos: a criança que brinca com boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a a sua
maneira, e revive todos os prazeres ou conflitos, resolvendo-os, compensando-os, ou
seja, completando a realidade com a ficção”.
Jogos de regras
relações sociais ou individuais em que deve aparecer a cooperação e começa a se
desenvolver dos quatro aos sete anos e se intensifica durante toda a vida da pessoa. Para
Brougére apud Martinelli (1997), o objetivo da pesquisa de Piaget, não é estudar o jogo,
mas o símbolo, o que é essencial para o desenvolvimento da inteligência.
O lúdico e a construção do conhecimento
Para Kishimoto apud Santos (1997), a descoberta da infância se dá a partir da
associação da criança ao ato de brincar. Termos como brinquedos e brincadeiras
conotam crianças.
A dimensão da criança está sempre presente quando se analisam os brinquedos e
as brincadeiras.
O brinquedo, como objeto suporte da brincadeira, supõe relação íntima com a
criança e implica a ausência de um sistema de regras que organize sua utilização.
O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam
aspectos da realidade. Ao contrário, jogos, como xadrez, construção, exigem, de modo
explícito ou implícito, o desempenho de habilidades definidos pela estrutura do próprio
objeto e suas regras.
O brinquedo representa certas realidades, isto é, algo presente no lugar de algo.
Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos
objetos reais para que possa manipulá-los.
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Duplicando diversos tipos de realidades, o brinquedo as metamorfoseia e
fotografa, não reproduzindo apenas objetos, mas uma totalidade social.
O vocábulo “brinquedo” não pode ser reproduzido à pluralidade de sentido do
jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Como objeto
é sempre suporte de brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário
infantil, tendo relação estreita com o nível de seu desenvolvimento.
A “brincadeira” é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do
jogo ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação.
Dessa forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e
não se confundem com o jogo.
Segundo Almeida (1992) é necessário que o educador se conscientize de que ao
desenvolver o conteúdo programático, por intermédio do ato de brincar, não significa
que está ocorrendo um descaso ou desleixo com a aprendizagem do conteúdo formal.
Ao contrário do desenvolver o conteúdo mediante a proposição de atividades
lúdicas, o educador está trabalhando com o processo de construção do conhecimento,
respeitando o estágio do desenvolvimento no qual a criança se encontra e de uma forma
agradável e significativa para o educador.
Muitas vezes a criança necessita de orientação para seu desenvolvimento. Dessa
forma, a teoria froebeliana proporciona subsídios para a compreensão da brincadeira
como ação livre da criança e os brinquedos (dons) aparecem como suporte da ação
docente destinado à apropriação de habilidades e conhecimentos.
Como dito anteriormente houve uma grande evolução nos acessórios para
brincadeiras de criança. Essa evolução dos materiais cria a necessidade de adequar os
materiais e o espaço da brincadeira para que contribuam para o seu desenvolvimento
cognitivo, físico, emocional, social e moral, sem que se perca a característica do brincar
como ação livre, iniciada e mantida pela criança.
A importância do ato de brincar fica clara nos escritos de Nicolau (1988),
quando afirma que:
Brincar não constitui perda de tempo, nem é simplesmente uma forma de
preencher o tempo (...) O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança,
já que ela se envolve afetivamente e opera mentalmente, tudo isso de maneira
envolvente, em que a criança imagina, constrói conhecimento e cria alternativas para
resolver os imprevistos que surgem no ato de brincar” (p.78).
– Essa atividade lúdica implica o uso de regras onde há
– Esse jogo é de faz-de-conta, em que o objetivo é usado para
Inicialmente surgem na forma de exercícios motores com
A palavra jogo, do latim “incus” quer dizer diversão, brincadeira. As definições

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